Alguns países não nos surpreendem. São os que se espera, se sabe que algo acontece ou vai acontecer.
Sabe-se que ali muita coisa ainda está por surgir, mas como são países pobres, Egito, por exemplo, é bom que as descobertas não aconteçam. O esquecimento dos séculos as protege mais que as vitrines dos museus.
Além do Egito, cito ainda a Índia, o México a China, toda a Indochina e parte da América Latina.
Em termos de arqueologia, tudo pode acontecer nesses países. Os Guerreiros de Terracota de Xiam, por exemplo: é um exército de 7,000 figuras em tamanho natural, com armas, carroças, cavalos. 7.000 até agora, pois ainda falta muito para escavar.
Só poderia ser na China.
Com a última Olimpíada o mundo se deu conta que tudo no Império do Meio é grandioso.
Lembro uma manhã em Shangai na minha 1ª viagem ao Dragão amarelo.
Foi em 1973, durante a revolução cultural. Saí quase fugido do hotel às 6 da manhã, onde a vigilância era permanente.
Como falei, eram tempos da revolução cultural.
A proposição para a escapada era ingênua: ver os chineses praticando o Tai chi chuan. O detalhe: eram milhões deles, milhões mesmo. Na minha cabeça Shangai inteira se exercitava. No centro tem um parque estreito, mas muito comprido, entre o Rio das Pérolas e uma avenida. Do outro lado edifícios sóbrios, ainda do tempo da dominação inglesa. Chama-se a região O BUND.
Era um amanhecer de outono, todos os chineses e chinesas com o terno azul do Mao Tse Tung, ou camisas brancas, a única roupa na China. Todos a usavam, homens ou mulheres.
Os grupos se diferenciavam pela habilidade. Alguns principiantes, mas a maioria, muito treinada seguia os líderes, e davam um show de movimentos lentos, graciosos e simultâneos. Tudo envolto por uma leve neblina que encobria à nós e parte do rio.
A cena durou até mais ou menos as 7h30 quando os lentos charmosos movimentos foram substituídos pela correria das grandes cidades. Alguns, os mais hábeis provavelmente, continuavam em pequenos canteiros como nas pequenas ilhas que dividiam o trânsito barulhento. Os praticantes o faziam propositalmente, para colocar a prova a sua concentração no meio daquela balburdia.
Lembro até hoje aquelas figuras se movendo lentamente, esmaecidos pela cerração que o rio nos proporcionava.
Agora fiquei sabendo, que aqui em Porto Alegre, há também um grupo que pratica diariamente no Parque Moinhos de Vento e o professor é chinês.
Essa integração, do corpo, mente e respiração, com movimentos lentos deve propiciar aos praticantes uma grande energia, mais ainda ali, tendo a grama, as árvores e o lago do Parcão, e sem as buzinas estridentes de Shangai.
Amanhã vou vê-los.
Texto de Flavio Del Mese/
Adaptado do Documentário " A China que eu vi".
Sabe-se que ali muita coisa ainda está por surgir, mas como são países pobres, Egito, por exemplo, é bom que as descobertas não aconteçam. O esquecimento dos séculos as protege mais que as vitrines dos museus.
Além do Egito, cito ainda a Índia, o México a China, toda a Indochina e parte da América Latina.
Em termos de arqueologia, tudo pode acontecer nesses países. Os Guerreiros de Terracota de Xiam, por exemplo: é um exército de 7,000 figuras em tamanho natural, com armas, carroças, cavalos. 7.000 até agora, pois ainda falta muito para escavar.
Só poderia ser na China.
Com a última Olimpíada o mundo se deu conta que tudo no Império do Meio é grandioso.
Lembro uma manhã em Shangai na minha 1ª viagem ao Dragão amarelo.
Foi em 1973, durante a revolução cultural. Saí quase fugido do hotel às 6 da manhã, onde a vigilância era permanente.
Como falei, eram tempos da revolução cultural.
A proposição para a escapada era ingênua: ver os chineses praticando o Tai chi chuan. O detalhe: eram milhões deles, milhões mesmo. Na minha cabeça Shangai inteira se exercitava. No centro tem um parque estreito, mas muito comprido, entre o Rio das Pérolas e uma avenida. Do outro lado edifícios sóbrios, ainda do tempo da dominação inglesa. Chama-se a região O BUND.
Era um amanhecer de outono, todos os chineses e chinesas com o terno azul do Mao Tse Tung, ou camisas brancas, a única roupa na China. Todos a usavam, homens ou mulheres.
Os grupos se diferenciavam pela habilidade. Alguns principiantes, mas a maioria, muito treinada seguia os líderes, e davam um show de movimentos lentos, graciosos e simultâneos. Tudo envolto por uma leve neblina que encobria à nós e parte do rio.
A cena durou até mais ou menos as 7h30 quando os lentos charmosos movimentos foram substituídos pela correria das grandes cidades. Alguns, os mais hábeis provavelmente, continuavam em pequenos canteiros como nas pequenas ilhas que dividiam o trânsito barulhento. Os praticantes o faziam propositalmente, para colocar a prova a sua concentração no meio daquela balburdia.
Lembro até hoje aquelas figuras se movendo lentamente, esmaecidos pela cerração que o rio nos proporcionava.
Agora fiquei sabendo, que aqui em Porto Alegre, há também um grupo que pratica diariamente no Parque Moinhos de Vento e o professor é chinês.
Essa integração, do corpo, mente e respiração, com movimentos lentos deve propiciar aos praticantes uma grande energia, mais ainda ali, tendo a grama, as árvores e o lago do Parcão, e sem as buzinas estridentes de Shangai.
Amanhã vou vê-los.
Texto de Flavio Del Mese/
Adaptado do Documentário " A China que eu vi".